sexta-feira, 27 de abril de 2007

Fora do ar

Estou cansada. Muito.
Estou desanimada. Muito.
Estou estressada. Demais.
Resgate de projetos:
1. morar na praia;
2. morar na praia;
3. morar na praia.
Quero o barulho da onda, o cheiro do mar, a cor do céu.
Quero sossego, sem hora para acordar.
Quero futilidades, a cor da próxima estação.
Quero ser eu.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Lista da semana

Semana difícil. Cheia de trabalho. Até deixei de lado minhas escritas.
Constatações que merecem ser compartilhadas:

1. Homens são seres engraçados e surpreendentes. Apesar da dificuldade que têm em guardar a roupa no armário e dobrada.
2. "Atitude", infelizmente, tem se tornado uma qualidade rara nos seres humanos.
3. Médico é um profissional complicado.
4. Algumas pessoas têm dificuldade em compreender que criatividade não tem limite.
5. Eu, definitivamente, ODEIO a palavra "marketing". Principalmente quando se trata de "marketing pessoal".
6. Boa oratória é uma excelente arma na mão de quem sabe fazer esse tal de "marketing pessoal".
7. Dinheiro traz felicidade (dër.. quem não sabia!)
8. Tem gente que trabalha muito. Tem gente que trabalha pouco. Tem gente que trabalha o necessário. Infelizmente, os primeiros nem sempre têm vantagem quando o assunto é salário.
9. Sou feliz. Mas preciso dar um rumo novo para minha carreira profissional.
10. Psicólogos de plantão: posso ser um ótimo caso a ser analisado. Alguém se oferece para terapia gratuita.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Dia da Terra



Querida Terra,
ontem, quando comemoramos o seu dia, tive a sorte de estar em um lugar abençoado. Tinha água limpa, céu azul, árvores imponentes, uma variedade de pássaros. Tinha silêncio no ambiente e cheio de terra. Podia ouvir o seu som. O barulho do vento, o barulho de peixe na água e o cantar dos pássaros. Eu tive a sorte de te apreciar. Tive a sorte de mergulhar naquela água.
Minha querida, eu lamento os maus tratos que vêm sofrendo. Lamento profundamente pensar que poucos tem a minha sorte. Lamento por saber que você é uma mãe frustrada por não conseguir dar o seu melhor para todos os seus filhos.

Sabe Terra, eu não sou experiênte neste assunto de filhos, mas me lembro o quanto minha mãe ficava enfurecida quando eu ou um de meus irmãos aprontávamos em casa. Quando não obedeciamos éramos punidos sem sobremesa, sem hora de TV ou, mesmo, sem poder sair de casa para brincar. Sim Terra, a minha outra mãe me punia ao me privar de aproveitar o que você podia oferecer. E tudo isso valeu. Cresci adulta e consciente que devo te preservar, simplesmente porque desde pequena sofria ao ser privada de sua companhia. Por isso mesmo, penso que você está certa ao mandar tempestades fora de hora, ficar quente de raiva, esconder sua água e tremer ... essa é sua forma de punir os filhos de não te cuidam.

Minha querida, saiba que vou te preservar. Tenho uma arma chamada palavra e com ela vou te defender. Não se aborreça, pois não sou a única. Infelizmente, tem gente que não escuta o que não quer e esses são mais difíceis.

Vou te preservar pois sei o quanto foi bom o dia de ontem. Quero que meus filhos e os filhos deles tenham a mesma sorte que eu. Quero olhar para o futuro e te ver tão esplêndida quanto ontem. Quero te ouvir cantar, sentir seu frescor e rir daqueles que te habitam. Agüenta firme querida. Agüenta o máximo que você pode, pois a boa vontade daqueles que te amam chega a ser maior que a ganância daqueles que te destroem.

Obrigada!

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Cena do caminho


Ela estava ali parada no meio do caminho.
A Árvore que Dança.
Seca. Madura. Ultrapassada. Imponente.
Ela estava ali parada no meio do caminho.
Pouca gente viu. Pouca gente vê. Pouca gente presta atenção.
E ela dança ali.
É final de tarde. Seus cabelos estão para traz. Os braços esperam por seu par.
É a Árvore que Dança.
Já parte de um cenário que temos de nos acostumar a ver.
Muitas outras vão dançar.
Mas nós é que vamos pagar a conta no final da festa.

G.David

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Estou de luto!

Eu não agüento mais. Cansei. Estou definitivamente de sacô cheio de assistir, ler e ouvir jornal. Já chega de tragédia. Não sou palhaça. Até quando eu e você vamos ficar calados assim. Até quando vamos aceitar passivamente as notícias do jornal e, no final, ficar feliz para ver a novela. Eu não agüento mais. Tentei ser passiva, deixar rolar, me preocupar menos. Mas não dá...

Ontem teve tiroteio no Rio de Janeiro, novamente.... o que a TV mostrou era campo de guerra. Mais um dia. Não na vida daquela menininha de tranças e óculos. Ela me tocou. Mais uma vez, uma menina. Mais uma vez, uma menina pagando pela ignorância dos homens, que não se resolvem. Até quando.

Palhaçada. A violência não pára de crescer. Mais gente morre todo o dia. Um louco entra na faculdade e atira, mata mais de 30.. era nos EUA, mas e daí. No Iraque centenas morrem por motivos bestas diariamente; na Africa milhares morrem de fome; no Brasil é violência.. até quando?

Sou jornalista e é triste assumir que não quero mais ver jornal. Não quero mais ler. Não quero. Simplesmente. Não significa que vou fechar meus olhos. Significa apenas que não aceito. Eu trabalho 12 horas por dia, 12. Pago todos as porcarias de impostos. Não acredito mais. É tudo interesse. Polícia briga com sem terra. Bandido mata inocente. Maluco atira na escola. Velho abusa de menor. Gente... o mundo tá louco ou sou eu que não filtro as notícias. Tá ali, na nossa cara.. só eu que vejo? E aí.. o que a gente pode fazer para mudar. Isso não tá certo. Não tá.

Eu cansei. Tô de luto. Chega de tanto sangue. Chega de ver malando mandando na gente, de ficar com medo de parar no semáfora. CHEEEEEGAAAAAA!

terça-feira, 17 de abril de 2007

Não acredito


Me chocou uma história. A da menina que, após apanhar do pai porque recebeu um amigo para estudar em casa, perdeu um dia de prova no vestibular. Me chocou. Me doeu. Me magoou tão profundamente que acredito não quero olhar na cara deste sujeito.


Menina linda. Inteligente. Esforçada. Dona de um sorriso aberto, cheia de cuidados ao tocar e ao pedir. Batalhadora. Filha única. Viu no desemprego do pai sua vida mudar de rumo, mas por suas atitudes nunca perdeu o brilho nos olhos e nem as oportunidades que lhe surgiram. Soube, desde o início, que era forte e na educação traça seu futuro promissor.


Agora é pássaro livre. Longe deste infeliz, que em pleno século 21 usa da força e da ignorância para manter sua supremacia no lar. Da mesma ignorância que o levou ao desemprego e que deveria fazê-lo ficar por lá. Homem triste, incapaz de dizer obrigado. Penso quão duro deve ser para ele saber - e não assumir - que não fosse a batalha diária da esposa estaria a pão e água, pois nem pedir com humildade ele sabe.


Voa pássaro livre. Apesar da dor, que era mais moral que física, um dia sem prova não foi suficiente para te afastar do sucesso. Voa lindo pássaro, que por tuas mãos vidas serão salvas e esperanças renovadas. Escolhestes bem a futura profissão. Traça teu caminho brilhante e entenda que errar faz parte da natureza e por meio de erros acertamos mais. Seja livre margarida.


Fica longe deste opressor ignorante, que usa força para te prender, sem reconhecer no teu olhar o apelo de carinho, a busca de reconhecimento, o conforto que acolhe e incentiva. Fica longe de quem não conhece outra forma de ser forte, a não ser aquela insana que amedronta, manipula e afasta. Fica longe de Washington.

G.David

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Medo de quê?


Dos 0 aos 5: falta de comida; falta de água;
cólica e escuro;

Dos 6 aos 11: chinelada; bife de fígado; escuro; do olhar da minha mãe; do E.T.; de uma descida bem íngreme na bicicleta; do homem do saco; do canal do mar; do mundo acabar no ano 2000;

Dos 12 aos 16: do primeiro beijo; de bife de fígado; cólica; do olhar da minha mãe; da bomba atômica (culpa do Dia Seguinte); do vulcão de Poços; de limpar a casa; de prova e lição de casa;

Dos 16 aos 21: vestibular; de prova; do olhar da minha mãe; de limpar a casa; bife de fígado; de engravidar; de não arrumar emprego; de bandido; de barulhos estranhos no escuro (dependendo do lugar....); de terminar a faculdade;

Dos 21 aos 26: perder o emprego; de limpar a casa; de engravidar; ginástica; do olhar da minha mãe; de bife de fígado; dos Impostos (de renda, do carro, da empresa etc);

Dos 26 até.... ficar sem trabalho; de ficar sem dinheiro; de ter uma sociedade; do olhar da minha mãe; de bife de fígado; de não conhecer a Europa; da polícia e do bandido; de não engravidar; das rugas; dos Impostos (aqueles mesmos...); do Presidente; do Presidente dos EUA; da bomba atômica; de acabar a água do mundo;


"Gira o tempo cresce,

o medo é sensação,

Desaparece!"

G.David

sexta-feira, 13 de abril de 2007

A lição da vagina


Um mestre me disse certa vez que temos de aprender uma coisa nova por dia. Assim, ao final de cada ano, teremos aprendido cerca de 365 novas coisas. Eu confesso que me esforço para aprender todo os dias. Hoje, por exemplo, aprendi que fazer chocolate não é tão fácil quanto pensamos, todo o processo deve ser preciso para que o chocolate não desande e comprometa assim a produção.


Enfim.. não é esse o caso. A enrolação aí de cima é pra dizer que ontem tive uma lição, válida para quase uma semana de aprendizado novo. Aprendi sobre a "VAGINA" e, de lambuja, coloquei mais uma mulher na minha lista pessoal de celebridades necessárias para o mundo: a escritora Eve Ensler*.


MENINAS... conheçam essa mulher. Ouçam o que ela tem a dizer. Aprendam com as experiências que ela vem acumulando. Conhecer o trabalho da Eve é conhecer o universo feminino por outra perspectiva. É uma oportunidade de nos enxergarmos sob outro ângulo, uma forma de nos olharmos de baixo para cima e assumirmos o poder que nossa sexualidade nos proporciona. Conhecer o trabalho da Eve é dizer NÃO ao modelo de sociedade imposta às mulheres ao longo de milhares de anos. É dar mais um passo em direção a nossa independência e, principalmente, em busca do RESPEITO que todas nós merecemos.


Me fez chorar.

Assistam. Conheçam. Tem DVD para alugar. Tá passando na HBO. Façam uma busca no google - por EVE ENSLER. - Ela merece, não só pela nobreza de seu trabalho, mas também pela posição realista e pé no chão que ela tem de seu próprio país.





G.David
* Para quem não sabe (como eu, até ontem não sabia) ela é a autora de "Monólogos da Vagina". Nunca vi esta peça no Brasil. Confesso, não vi por puro preconceito. Eu achava a peça produto comercial sem conteúdo cultural. Mas... me surpreendi. Não.. eu não vi a peça, mas conheci a autora. Por sorte, zapiando a tv a cabo, ela apresentava seus monólogos na HBO. Claro.. a gravação data de 2002 - eu estou ultrapassada. Valeu a pena. Chorei no último monólogo, quando ela fala sobre o nascimento de sua neta. Enfim.. não quero falar muito, pois o assunto é pessoal. Mas.. fica a dica. Ahhh.. e pra quem nunca, como eu, assistiu o espetáculo "Monólogos da Vagina" por achar, assim como eu, que é uma peça puramente comercial... quando tiverem a oportunidade VEJAM.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Despedida

Ela tinha os olhos tristes. Há pouco fora deixada por um grande amor. Ela acreditava que tudo daria certo, acreditava em sua força, no poder de sua sedução. Sabia, sim, dos defeitos dele, mas a certeza de que com o tempo o homem mudaria lhe davam esperanças totalmente erradas. Tudo aconteceu muito rápido. Naquela noite ele não voltou. Na manhã seguinte, não ligou. Passaram-se dois dias de completo desespero para ela. Sem notícias. Sua razão entendia o que o coração fingia não acontecer. Doeu.

Doeu mais no dia da despedida. Ele chegou na hora do trabalho. Arrumou suas coisas e ajeitava tudo na sala. Ela não sentia-se bem e foi embora mais cedo. Flagra. Pegou o gato no pulo. Covarde como aqueles que não se assumem, ele pretendia voltar mais tarde, já com seus pertences na casa que havia alugado há um mês.

_ "Um mês?!" - espantou-se. A saída já era planejada. Ele conhecia os movimentos dela, sabia seus horários e simplesmente não se importava. Sentar e ter uma conversa apropriada, como adultos.. isso era demais para ele.

A saída foi sair "à francesa"... - "Mas como???? Você simplesmente não se importa né!", definiu ela, com uma lágrima no canto dos olhos. Então algo surpreendente...

Ela olhou fundo nos olhos do ex-companheiro. Respirou todo o ar que cabia em seu pulmão. Estendeu as mãos e disse: _ "Me entrega sua chave. Ficarei na TV. Termina logo e quando sair bate a porta que venho trancar. Não se digne a me explicar nada. Não quero saber. Fui cega, louca, burra.. não te olhei. Não me olhei. Sinceramente, vá. Já está tarde".

Doeu mais ainda, mas era a solução. A jovem saiu de perto. Deixou o caminho livre para que ele terminasse sua arrumação. A vontade era de fazer uma cena, mas naquele momento, quando viu a covardia do homem em quem depositou seu amor, a Razão falou mais alto e o Coração ouviu.

G.David

terça-feira, 10 de abril de 2007

Eu ...


Eu gosto de atitude. Gente que é gente tem que ter atitude. Tem que saber assumir os erros, dar risada, olhar pra frente e fazer planos. Eu gosto de viver agora. Lembrar do passado e imaginar o futuro. Eu gosto de pintar o cabelo, cortar diferente e prender com fivelinha. Eu uso botas e torço pra fazer frio com calor para colacá-las com saia. Eu tenho camisa de flanela xadrez no guarda-roupa e uma calça que amo e nunca visto. Eu adoro tatuagem. Minhas unhas são escuras e, na maioria das vezes, estão com o cantinho descascando. Eu não falo o que penso, não o tempo todo... mas olho com reprovação quando não posso falar. Eu argumento. Analiso os dois lados. Reflito. Entendo que a realidade do outro não é igual a minha. Eu acredito que somente as pessoas podem salvar a terra. Eu acredito que o Brasil tem jeito. Eu gosto de ler e sou fã de cinema. Eu me preocupo com a balança, mas não sou obcecada por ela. Eu odeio gordura trans, mas não deixo de comer o que gosto por causa dela. Eu quero conhecer o mundo. Eu aprendi a fazer ginástica. Eu tenho uma relação de amor e ódio com meu trabalho e, mesmo assim, não vivo sem ele. Eu adoro falar. Eu amo música e tenho certeza que o rock´n roll nunca vai morrer. Eu aprendi que tudo pode ser reciclado, inclusive eu mesma. Eu não casei, eu juntei. Eu amo meu parceiro. Eu dirijo cantando. Eu gosto muito do meu carro, mas não me importaria de andar de ônibus se o sistema de transporte fosse melhor. Eu sou livre, mesmo tendo de passar cartão de ponto. Eu gosto de criança. Eu penso no futuro. Eu leio, eu entendo, eu penso. Eu gosto de gente que tem atitude.

G.David

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Vida viva oportuna!

A vida é curta.
Os dias passam depressa.
O tempo é a gente quem faz.
Deveríamos aproveitar melhor nossos momentos.
Temos uma única oportunidade, dividida por dias e horas.
Se bem aproveitada, esta oportunidade irá durar a eternidade,
Se mal ... ela passa, as pessoas choram e ninguem mais se lembra.
Existe uma estranha diferença em ver pessoas partirem,
alguns nos deixam tristes, com a sensação de algo inacabado.
Outros se vão, para simplesmente descansar,
não deixam pesar... pois souberam aproveitar seus momentos,
deixaram uma vida linda e pessoas por quem se orgulhar.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Estranha obsessão

Sim. Amadurecemos com o passar dos tempos. Ficamos mais velhos e adquirimos conhecimentos. Entendemos que toda aquela conversa de nossos pais quando diziam - "aproveita a vida, porque não será sempre assim" - era verdade. E que, muito provavelmente, faleremos as mesmas coisas para os mais jovens, quando uma pontinha de ciúmes aparecer. Mas o que me irrita com o amadurecimento são as manias que surgem. Coisa de gente ultrapassada.

Ontem eu assumi uma obsessão, que, até então, levava na brincadeira. Sou obcecada por saquinho de supermercado. Fico ali, olhando a conta e o mocinho que empacota as compras. Fico num momento de total perturbação. Quero tudo separado. Quero o máximo de saquinhos possíveis. Só não coloco um produto em cada saco, porque teria muito o que carregar. E mesmo assim, quero os saquinhos. Sou obcecada por eles. Uso os mesmos como lixo. Na cozinha, no banheiro, no escritório. E me irrito (a um nível nem acreditado por mim) quando os saquinhos acabam.


Mantenho uma relação de amor e ódio com supermercados em geral só por causa do saquinho. Não entendo o porque de colocarem tanta compra num saquinho só. Outro dia estava de carro atras de uma moto, na qual estavam um homem e uma garota (provavelmente pai e filha). A menina carregava uma sacolinha de supermercado - CHEIA - e, então, numa curva muito das inadequadas ... pof ... a sacolinha estourou. Vi Nescau, pacote de açucar, um saquinho de leite e umas bolachas rolarem pelo chão. Desviei, mas o carro atras de mim não teve a mesma sorte. Lá se foram as compras. Ainda consegui perceber a indignação do homem na moto e a tristeza nos olhos da menina, escondida pelo capacete. Lá se foram alguns reais, provalmente suados. "Filhos da p..." os donos do supermercado, esses que não assumem que pedem aos seus empacotadores que economizem o saquinho.


Para evitar o mesmo fim da motocicleta, sou enfática: -"por favor, nas compras pesadas reforça a sacolinha". E fico lá... perdida. Não sei se olho para o caixa ou para o empacotador. A fila fica enorme. Sim, porque depois de pagar, tenho a paciência de conferir sacolinha por sacolinha. Quero ver se a carne está misturada com o produto de limpeza e por aí vai. Já registrei minha reclamação outras vezes, mas ontem.. quando não tinha empacotador .. percebi que tá virando doença.


Enquanto eu empacotava as compras, escondia entre elas sacolinhas vazias e, para piorar, olhava pro lado para ver se ninguem percebia. Ridículo.. eu sei, mas foi incontrolável. De certa forma, queria descontar a minha ira à economia deste país nas sacolinhas. Na verdade, fico só esperando alguém vir me contestar para logo responder: __ "Querido.. olha só. Eu comprei as mercadorias, paguei por elas e, assim, tenho direito à sacolinha. Dúvido que o dono do mercado vai ficar mais pobre por isso".


O desabafo sobre quem só está "cumprindo o que mandaram" me alivia. Infelizmente, a sensação que segue é péssima. Vou pra casa com as sacolinhas, as compras e um peso na consciência. E só pra variar... esqueço de comprar sacos de lixo.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

A moça que vai prá longe

A passagem está marcada,
a demissão já foi assinada,
o frio na espinha cresce,
mas sua alegria prevalece.
A moça começa arrumar as malas,
fica tudo apertado,
o tempo agora voa,
não cabe tudo, não cabe a vida.
Voltamos aos instantes, preciosos.
Felizmente para lembranças não existe limite de bagagem,
para os planos o HD está sempre vazio,
pé na estrada.
Ficam sentimentos egoístas,
de uma saudade que nem existe,
da vontade de estar perto,
como quando colocamos um passáro na gaiola.
Mas voa, porque teu lugar é o mundo,
busca teu sonho e arrisca.
No chão firme há pousada,
e estaremos sempre aqui.

G.David

terça-feira, 3 de abril de 2007

Imagens furtadas e o problema da regularização

Queridos,
venho por meio desta, confessar um ato de total reprovação: eu uso imagens alheias neste blog.

Faço isso ciente do meu pecado, mas não consigo me controlar. A vontade de embelezar minhas palavras é maior... não aguento. Vou lá, pesquiso e, ao encontrar a imagem perfeita, uso .. quase sem escrúpulos. Há algumas exceções. No texto abaixo, por exemplo, as imagens são minhas. Sei que não justifica meu ato, mas amortece meu coração, que por vezes se sente bandido, ladrão... ladrão virtual. O que me soa irônico. Não consigo dever uma bala. Nunca tive o nome do SPC ou órgão parecido. Aprendi que devemos ser honestos, sinceros, verdadeiros. Quando estava na escola, nem colar eu conseguia... E cá estou eu, furtando imagem alheia na internet.


Acho que agora vou culpar o país. Verdade. Aqui - pasmem - ainda não existe lei que regulariza o uso da internet. No campo virtual quase tudo é permitido, sem punição. Não falo só dos atos imorais ligados ao sexo; mas de inúmeros problemas como uso indevido de imagem, exposição do outro sem consentimento, chantagem, golpes financeiros etc, etc e etc. Parece zona. Mercado totalmente livre.


Não me desculpo, sei que estou errada quando copio e salvo uma imagem que não me pertence. Mas e aí? A internet já se mostrou um campo em amplo crescimento. Uma excelente fonte de renda e um espaço que poderá, no futuro, solucionar inúmeros problemas de falta de emprego.


Mas infelizmente, enquanto a gente se preocupa em criar novos sistemas, fazer belos sites, usar melhor a ferramenta, ninguem se preocupa em regularizá-la. O discurso da inclusão digital é ótimo. Concordo que todos devem ter acesso ao computador e à internet. Mas enquanto não houver um "pingo" que seja de regra a brincadeira do "copiar e colar" vai continuar e, o que é pior, a inclusão, ao invés de aumentar o conhecimento da população, só vai reduzir. Caminhamos para a cultura do tudo pronto, é mais fácil ver o filme que ler o livro; é mais fácil copiar o desenho a fazer o meu... é mais fácil "ctrl+C e ctrl+V" que criar o próprio texto e digitar letra por letra.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Menino de bicicleta e luz estourada

A idéia naquele dia era capturar imagens. Boa desculpa para quem queria mesmo testar os limites da nova máquina, explorar o brinquedo recém-adquirido, brincar de guardar momentos, que podem renascer na memória por meio de um simples olhar. Ia toda empolgada, no banco da frente, mirando e disparando. Click. Mesmo com as modernidades da tecnologia, gosto mesmo de foto à moda antiga. Nada como a sensação de não desperdiçar o momento, ter certeza de que a luz está certa, que o movimento não sairá desfocado.

Demorei pra me render às facilidades da câmera digital. Tentei resistir ao tempo. Mas, infelizmente, uma foto revelada hoje é mais cara, o filme é mais caro, na relação custo-benefício a digital sai ganhando. Entretando, nada como olhar pelo quadradinho. Por isso mesmo, a minha tinha que ser diferente, tem que ter o quadradinho. Foco automático .. tudo bem, mas o resto eu quero controlar. O momento a ser registrado deve ser, ainda, a visão que tenho do fato. E gosto de olhar pelo quadradinho.
Na paisagem de final de tarde, na estrada, o menino me chamou atenção. Peito desnudo, bermuda e sua bicicleta. Pareciam compartilhar o visual, pertencer ao mesmo ambiente. Ele à beira da auto-estrada. Vi de longe e me preparei. Fiquei ali, com o olho no quadradinho. Senti um frio na espinha.... era medo de perder a hora certa. Quem fotografa sabe.. é preciso sincronia: olho, cérebro e o movimento de apertar o botão.. todos na mesma hora. Se não for assim, a foto não é boa.

Click.


Capturei o menino.


Capturei aquele instante. Deu pra checar depois. A luz no fundo estourou, mas o movimento não. A velocidade do carro, a velocidade da bicicleta, a velocidade da câmera... nenhum elemento - exceto a luz do fundo - atrapalhou o momento. Guardei a liberdade daquele menino, naquele momento.

Amanhã, ao olhar aquela foto, saberei como foi. Lembrarei da tarde de sábado, final do dia, o sol se pondo, da brisa fresca que corre a Mantiqueira. Lembrarei que falávamos de fotografia. Lembrarei que você queria paisagem e que eu queria instantes. Porque a paisagem, normalmente, está lá, já é um registro na memória. Mas o instante não. Ele é só um instante, único. - "Uma foto de instante me faz lembrar o que aconteceu no momento dela, me transporta no tempo. A paisagem não" - e ele riu da minha justificativa.

O menino na bicicleta foi meu instante. Meu instante de meninice, de criança com brinquedo novo, olho brilhante e fome de novidade.