quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Sensação estranha


Hoje tô com uma sensação estranha. Sensação de que tem alguma coisa pra acontecer. Não sei se coisa boa ou se coisa ruim. Só fico com a sensação. A sensação me embrulha o estômago. Depois me deixar com asia. Esse ar de que pode acontecer alguma coisa a qualquer momento altera minha pressão e me deixa meio que sem chão.


Parece falta de rumo, parece que me esqueci de algo importante. Parece que não parece nada. Dá vontade de ir dormir. Dá vontade de sumir. Daí, vem uma vontade de descobrir o que é. Porque e o que está acontecendo.


Minha amiga perguntou - "É sensação tipo... sexto sentido?". E eu - "É.. e não é! Não sei. Acho que nunca tive sexto sentido". Mas meu coração sente que está perturbado e minha cabeça roda estranhamente. Até vi bolinhas no ar hoje. Sensação estranha essa ....



Olho pra longe,
procuro e não encontro,
tem algo no ar,
é leve, é água do mar.
Preciso do cheiro,
Senão... vou mofar.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Eu também "CANSEI"

Hoje teve manifestação na Praça da Sé, em São Paulo. Organizada pela OAB-SP e por mais algumas entidades, a manifestação teve como foco o "um minuto de silêncio" pelas vítimas do acidente da TAM. Senti não estar lá, mas aqui, no meu canto, também fiz meu "um minuto de silêncio".

Agora acompanho as notícias e percebo a nada discreta forma de tentarem manipular a opinião pública dizendo que a manifestação se tratou de um ato político. Quer saber.. e se foi? De quem é o problema?

Eu, assim como outros milhares que se calaram hoje, CANSEI. Cansei de roubalheira, cansei de corrupção, cansei da violência lavada deste país, cansei de gente mamando nas tetas públicas, cansei de não ter médico e pagar caro por plano de saúde, cansei da inflação, cansei deste discurso de melhorias, cansei de trabalhar como louca e não ter o mínimo de perspectiva no meu futuro.

Eu também tô cansada de pobre que adora falar que é pobre para ganhar uma boquinha, para ter alguém que lhe dê cesta básica, vale transporte, lugar na fila do sus, bolsa família etc. Só não me canso de procurar gente que queira por a mão na massa - que nem eu faço - e trabalhar de verdade. É sim, porque por mais que o país esteja fraco, oportunidade tem é só saber olhar, agarrar e fazer.

Se foi política ou não.. o problema é de quem está incomodado. E como diz o ditado "os incomodados que se mudem". Afinal, tem muita gente cansada mesmo e tá na hora de nós - os Cansados - que somos formadores de opinião colocar para fora tudo que nos incomoda.

Um dia eu acreditei no barbudo. Aliás, eu acreditei tanto que até filiada ao partido dele eu sou. Mas cansei. Não é possível que o PT ainda mantenha essa mania de perseguição, tudo e todos estão contra eles e a idéia é que estão armando. Se tem tanta armação por que se calam? POR QUÊ????? Respondam meus queridos, defendam-se... e parem de sair correndo frente aos riscos, para abafar a opinião pública.

Eu faço um minuto de silêncio porque não vejo mais perspectivas para esse país. É dinheiro demais jogado fora, é gente demais sendo vítima e nós... acostumados nos calamos. Agora o silêncio fez barulho e, pelo jeito que se repercutio, o silêncio fez muito barulho.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Ela Vai Casar

Não há nada que torne um casamento tão real como a prova do vestido de noiva. Pois é..verdade. Pode haver anúncio de casamento, pedido da mão, noivado, contratação de buffet, decisão de lugar etc, etc e etc. Mas o fato em si, parece se tornar real quando a noiva põe o vestido branco. E é sobre isso que quero falar.

Não me lembro bem como foi quando nos vimos pela primeira vez. Sei que nos vimos.
Éramos bebês. Eu um ano e pouco, ela horas de vida. Compartilhamos ali nossa cumplicidade.
Ela não se cansa de dizer que sou sua "ídala". Eu nunca digo o quanto a admiro. Falha!? Não, melhor assumir, é medo. Adoro saber que essa moça, linda e inteligente, muitas vezes me tem como modelo.

Do lado paterno fui a primeira da geração. Primeira em praticamente tudo. Só saio do trono agora, abro alas para a primeira neste passo, que é largo, importante, cheio de simbologias, sentimentos conturbados e emocionante. Passo vivo, decidido e certo. Que me traz uma nova pessoa para admirar e compartilhar. Na casa de um irmão só, agora certamente tenho dois. O fato é que Mari vai casar.

A menina da personalidade forte, das dores mais doídas, dos amigos mais amados, vai casar. Decidida seria atriz. Largou. Virou psicóloga. Amante dos tipos improváveis e de namoros longos, conheceu O CARA bacana, bem ali.. na casa da amiga. E então vem a notícia... vão se casar. E nós.. felizes comemoramos.

Lista de casamento, prova de doces, decisão do buffet, aluguel de chacára, fotógrafos, som um zilhão de coisas que aparecem... Casamento é um trabalho que dobra com o stress e é multiplicado por números que não tem menos de 4 dígitos. Mas tudo vai rolando até que...... chega o dia da prova do vestido.

Indescritível. Ela lá, brilho no olhar, em cima do toco... vestida de branco. Baila com a roupa, que será vestida um único dia! É seu. Foi feito para ela. Acrescenta um véu. É sonho. Linda, linda dança minha irmã.

Eu fico quieta no canto da sala, sentada no sofá... fazendo piada para esconder minha emoção. Não quero chorar agora, não agora... não é o momento. Prefiro palpitar. Põe assim, usa esse cumprimento... meu deus.. ela está vestida de noiva e não é para o espetáculo desta noite. Vamos juntas comprar tecido, escolher o enfeite do cabelo. Tudo vem primeiro, tudo vem brilhando para combinar com seus olhos.

A passarela estará pronta para ela. E no dia de dizer SIM diremos todos juntos. SIM para um casal que se ama, para uma moça linda de cabelos encaracolados, ouvidos abertos, coração enorme, personalidade forte. Minha irmã. A primeira irmã. A irmã que dividiu o quarto, que me ajudou nas horas péssimas, que esteve lá para me afagar os cabelos. Sim.. ELA VAI CASAR e daí eu vou chorar... de alegria.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

O aquário


No início eram três: o olhudo, Israel; a pequena barrigudinha, Lolita; e o alaranjado de proporções regulares, Hidalgo. Foi legal vê-los ali, alegrando o ambiente, bailando imersos dentro da água sem graça e confinados aos limites impostos pelo aquário.


Uma semana depois ganharam novos amigos. Seis no total. Peixes de cor prata, miudos, aproveitavam a mobilidade de seu tamanho e nadavam frenéticamente em direção à falsa correnteza imposta pela bombinha de ar.


Alguns dias depois e chegam mais três amigos: o 1, o 2 e o 3. Peixes malhados, brancos e alaranjados. Sérios, compenetrados. Mal se misturavam.


Aquele ambiente aquático tornou-se parte de nossa rotina. Conversamos com os peixes, alimentamos a turma, ficamos observando - hipnotizados - sua dança incansável, explorando aquele espaço de vidro.


A família de seis aos poucos começou morrer. Um por dia. Estranho o caso do peixe que estava fraco, o quarto a falecer. Ele sumiu certa quarta-feira e ninguem encontrava o doente. Pensamos: _ "A faixineira deu cabo do coitado". E morreu a história. Três dias depois, ele foi encontrado, já sem pedaços, fora comido por seus companheiros, tornando real minhas suspeitas de "canibalismo pisciniano". Agora, só resta um deles. Firme e forte, nada rei do aquário, vigiando os limites existentes entre a barreira de vidro e o ar.


Nós nos hipnotizamos diariamente. Conversando com os peixinhos. A água dá um certo trabalho. Tem que checar pH., limpar, dar comida. Os pobrezinhos vivem ali sem muita perspectiva. Fico me indagando sobre o sofrimento deles. Naquele cubo de vidro sem poder sair. Me dizem pra ficar calma, pois foram criados para ser peixes ornamentais. Não consigo. Ver o peixinho lindo e colorido ali nadando prisioneiro, pra mim é o mesmo que ouvir o canto do canário preso na gaiola sem poder voar.



P.S.: - CantoFlorVivencia está voltando a ativa, à pedidos.. do público e meus!!!! (rs)