quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Medoo!!!!!!


Medo de tecnologia. Os avanços e possibilidades que, hoje, nos favorecem também me causam medo e, agora, depois de assistir "O Ultimato Bourne", filme recém-lançado que tem Matt Damon no papel principal, encontrei meu mais novo "Bicho-papão".


Como sei que esse gênero de filme não é bem o que vocês, minhas amigas, costumam priorizar nas filas do cinema, vou contar o que acontece no começo, só para vocês terem a idéia do que estou falando. Um jornalista consegue, com sua fonte, uma pista quente para uma ótima matéria investigativa sobre uma ação da inteligência secreta que não é nada ética. O fato é que o jornalista, ingenuamente, comenta com seu editor a pista durante uma ligação por celular. Daí um satélite capta uma determinada palavra e, poucos minutos depois do jornalista terminar a ligação, a sala QG deste grupo secreto já sabe tudo - eu digo, absolutamente tudo - sobre o jornalista e passam a monitorá-lo .... para que ele não descubra mais nada.


Em menos de 10 minutos no filme eu já estava apavorada. E mais: pensava seriamente em deixar de usar meu celular, a internet e viver numa cabana no alto da montanha.


A coisa é séria. Estamos sendo observados, monitorados.. somos rastreados o tempo todo. É só alguém querer que vai saber até o horário que vamos ao banheiro e o que fazemos lá. Basta pensar um pouco sobre o "Google Earth" (que é um programa de computador que leva você a quase qualquer parte do mundo e te propicia conhecer os lugares).


Adoro esse programa, mas vejam bem.. se nós, reles mortais, temos acesso ao satélite e podemos ver maravilhas com ele (numa resolução não tão boa e com atraso nas imagens) imaginem só o que a inteligência não consegue ver direcionando o satélite (que não é o mesmo) para o lugar certo.


Medoooo.


Quem leu 1984, Admirável Mundo Novo e outros clássicos sabe o que digo. Já temos um Big Brother nos espionando. Ele só precisa querer olhar.


Pensem nisso!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Legalizaram o Q.I

Logo que terminei a faculdade e sai por aí em busca de emprego, muita gente me dizia da importância em se ter "Q.I". Engana-se quem pensou: Q.I = quo(co)eficiente de inteligência. A brincadeira com a sigla, na verdade, surgiu para fazer piada com aquelas pessoas que só conseguiam trabalho porque conheciam alguém "importante", virou "Quem Indica".

Odiado por tantos, amado por outros tantos, aos poucos o Q.I. até deixou de ser piada. Sorte de quem tinha Q.I.! Mas certamente, a indicação amigável não fazia boas vistas nas estruturas organizacionais e, aos poucos, foi caindo em desuso. Ou melhor..em tempos de globalização e velocidade de informações.. essa história de Q.I acontecia ontem mesmo. Mas como não pegava bem, o famoso Q.I. foi rebatizado.

SIM... o Q.I foi rebatizado. Ganhou nome novo, em inglês para dar mais confiabilidade à palavra. A onda agora, ao invés de ter Q.I., é fazer ..... (tchanann): NETWORKING!

É isso mesmo minha querida amiga leitora. Você tem que ser uma pessoa bem relacionada para ter um espaço no mercado de trabalho. Sabia disso? não... Então trata de se mexer. Vá agora para a manicure (uma bem chique) conheça as pessoas, troque cartão, ofereça um almoço, puxe o saco do seu chefe e coloque-o na lista de seus "amigos". Pois até onde entendo, esse tal de Networking veio para "legalizar" o famoso Q.I (se é que vocês me entendem?)

Essa é mais uma das expressões importadas de nossos amigos intelectuais de RH americanos, claro!!! Porque convenhamos.. essa onda de RH quer transformar o Brasil e os trabalhadores brasileiros em empregados padrão (aquele com foto de colaborador do mês) de multinacional com sede em Boston e presidente graduado em Harvard.

E o NetWorking agora está na moda.
Se você vai à um congresso - foi fazer rede (net em inglês).
Se você vai à um restaurante na hora do intervalo do almoço com seus colegas de trabalho - foi fortificar a rede de trabalho (net - work).
Se você entra em sites de relacionamento para pesquisar - TEM que fazer rede (com os outros pesquisadores)..

E no fundo, se aparece bem aquela vaga, lá na empresa do seu amigo da rede.. adivinha: você tem todo direito de ligar para ele e pedir uma forcinha (em nome da rede) mesmo que vocês tenham conversado apenas uma ou duas vezes. Ahhh.. e você até pode colocar no seu currículo que conhece esta pessoa "super" importante.. afinal, você já apertou a mão dela alguma vez né!

O fato gente é que temos que prestar atenção em todas essas modas internacionais que insistem, graças aos executivos padrão de multicinacional, em se instalar no Brasil. Ressalto e reforço: apesar de crítica, não tenho nada contra o tal do "networking".. mas convenhamos... eu que não tenho a cara de pau de ligar para um cidadão com quem troquei meia duzia de palavras durante uma aula para perguntar de vaga de trabalho.. faça-me o favor!!!!

O NetWorking aclamado por aí, na minha opinião nada mais é que a tradução de Q.I para o inglês. Assim fica mais bonito, do mesmo jeito que chamar estagiário de Trainee. Ahhh.. fala sério vai!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Sobre a Liberdade

Não costumamos dar muita conta de nossa liberdade até o dia que ficamos sem ela ou, então, até o dia que temos de decidir pela liberdade de alguém. Porque decidir pela liberdade de alguém nos faz refletir sobre a nossa.

Não sou completamente livre. Tenho hora pra entrar e sair do trabalho - hora que é controlada por um cartão de ponto. Tenho compromissos e responsabilidades. Tenho um dever moral e ético para com a sociedade que vivo e mesmo com todas essas amarras sou livre. Sou livre porque decido se quero ou não continuar neste trabalho; sou livre porque decido se vou ou não cumprir a ordem social; sou livre porque tomo sozinha minhas decisões, porque posso ir e vir de onde quiser, quando quiser e da forma que eu quiser.

Então estava eu lá.. sentada entre os sete. Ouvindo e vendo. O jovem de macacão laranja, sentado a nossa frente, havia esfaqueado um outro e a faca entrou bem no coração. Foi um golpe só, frio, certeiro. A vida do outro acabou ali. Na frente do baile, na sarjeta. Desesperado, o moço, que agora veste um macacão laranja com número de identificação, tinha ainda esfaqueado outros quatro.. que por sorte não se machucaram gravemente. Isso tudo há sete anos, quando ele tinha 18 anos.

E lá estava eu. Por própria decisão, sentada entre os sete que dariam o veredito final. Tudo, absolutamente tudo, passava por minha cabeça. Não tinha como escapar.. ele afirmou ter cometido o ato. Então.. dona da minha liberdade .. deixei que meu pensamento me guiasse.

Sim.. queridas leitoras.. existe diferença entre o bem e o mal; e entre os ricos e pobres. Existe diferença entre um advogado que cumpre seu juramento solene, e entre aqueles que só cumprem seu papel na sociedade. Não tinha mesmo como escapar. O jovem deu a facada. Mas como foi este dia? Quem estava lá? Quem viu? Como foi a briga? .... só o promotor (que é acusação) sabia. O advogado concordou com tudo. E 12 anos, a partir de agora, mostrarão ao jovem de macacão laranja como é importante pensar um pouco antes de agir.

Se ele queira matar???? Isso eu não sei.

E para os curiosos: Não! Na sala secreta a gente não diz "culpado ou inocente". Seguimos uma linha lógica, guiados pelo simples SIM ou pelo simples NÃO. Assim aprendi como fazer para separar a emoção da razão.