segunda-feira, 16 de julho de 2007

SuperAção

Era assim: acordava, tomava um banho, vestia sua roupa e ia rumo a poeira. Viveu uma semana intensa... em meio à poeira. Poeira literal e surreal. E já que estava no pó mesmo, resolveu sacudir tudo. No estilo ... "tá no inferno, então abraça o capeta" ... chutou o pau-da-barraca. Ocorre que, no estilo ..."Deus escreve o certo por linhas tortas", na semana do pó veio a água, para lavar a alma. No caso, leiam água = a amigos. O que seria de nós, mortais, sem nossos amigos do peito?

E tudo começou assim: era festa de rodeio, com cowboy e boiadeiro; tinha show sertanejo, rock e pop; tinha exposição de gado, cavalo, pônei e carneiro. Tinha gente, muita gente, e todo mundo querendo atenção. Tinha a imprensa e um patrão. Era semana de trabalho e eu na maior dedicação. Lady Murphy me visitou. Avisou que ia chegar me mandando uma dor de garganta insuportável, que me pôs na cama e me levou ao hospital para uma injeção básica.

Depois foi o carro que quebrou - não o novo, que ainda não chegou - foi o velho mesmo, o de guerra. Aí veio a falta de paciência com um menininho de oito anos que pensa que tem 25 e o pai dele, que não se toca que criança tem que ter atenção especial, redobrada. Então Lady fez o que não devia fazer e me colocou na parede. _ "Vou embora. Não dá mais". Estava com a fala engasgada. Saiu da garganta porque a Lady esbarrou em mim sem querer e eu falei.

Então aconteceu. Triste e só em minhas mágoas, com dor no corpo, na cabeça e os nervos à flor da pele, escrevi para uma amiga. E então, outras duas também responderam. Foi assim, e lá estávamos nós quatro, novamente, conversando por email. Sinais de mudanças. Li o que precisava, senti cada uma delas por perto e entendi que tem momentos que precisamos mesmo de um apoio justamente daqueles que não estão por perto.

A maré começou virar. No mesmo dia, outra amiga, vem me visitar. O papo rolou até de madrugada. Dormimos juntas e como adolescentes passamos a madrugada tagarelando tudo de um ano pra cá.

No sábado, Lady partiu. Levou com ela todo o peso que carreguei nas costas durante essa semana. Mas a conversa final, aquela com o cara, ainda tinha que acontecer. E foi naquele dia mesmo. Me calei. Deixei que ele falasse tudo que eu já sabia. Escondi que fui orientada a procurar ajuda médica. E abri minha mente. Finalmente NOS ouvimos. Descobrimos quando tudo se perdeu. Sim, parte foi culpa minha e outra parte culpa dele. Assumimos e entendemos. Mas doeu. Estava tudo acabado e, apesar de tudo, seria difícil reatar os laços.

Lady partiu, levou o peso e me deixou com um nó na garganta. Para me livrar dele solucei. Daí eu chorei, um choro contido, baixo, do tipo que não quer chorar. Enxugava rápido as lágrimas, eu não queria chorar. Abaixava minha cabeça para esconder. Muito diferente de antes.

_ "Então tá certo. Que pena que não deu" - e o soluço aumentou. _ "Valeu a pena tentar e valeram todos esses dias!".
_ "Você se arrepende?"
_ "Sim e não" - e veio o soluço que mais doeu no meu peito, porque era um soluço consciente e real. _ "Me arrependo por não ter percebido que estava me afundando em trabalho e deixando o que realmente importa de lado. Mas tenho que arcar com a consequencia de minhas escolhas. Perdi o que mais me importa porque não pude parar para conversar. Por outro lado, te perdi para algo que também me agrada, mas que não é tão importante e eu não soube perceber antes".
_ "É".
Vem mais um soluço, desses que dói. Nestas alturas, tinha mais soluço que lágrima. De verdade, não tinha mais choro. Foi estranho. Três longas respiradas e a coragem vem:
_ "Vou pedir para minha mãe arrumar meu quarto. No sábado eu vou embora. Acho que seria bom você e o menino não estarem por aqui. Ele pode entender mal e eu não quero isso. Ok?".
_ "Mas você não tem que sair assim" - então eu vi. Dois olhos vermelhos, que buscavam outro foco, outro lugar para olhar que não fosse eu. A cadeira se aproximou.
_ "Me dá um abraço".
_ "Você gostou?"
_ "Demais. Gostei de tudo. É mesmo uma pena".
O abraço apertou. Me senti querida, protegida. E ele diz:
_ "Eu não quero que você vá. Eu sei que você não quer ir. A gente tem que se preocupar mais com a gente entende. Somos um casal. Você tem que acreditar mais em você e acreditar mais em mim. Eu gosto muito de você".

Bom... preciso dizer mais.
Lady Murphy finalmente parou de assombrar minha vida. Ela se foi e levou a nuvem com ela. Naquela noite até dancei ao som do Cesar Menotti e Fabiano.

Um comentário:

Pri Tescaro disse...

Como você está? Fiquei preocupada com seu post.... amiga, mesmo longe estamos todas ao seu lado (eu, Carol e Bá).
Conte conosco, sempre!!
Beijo na testa