quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

30 dias para 30 anos


(esse post deveria ser publicado no dia 21 de janeiro)

Dentro de 30 dias completarei 30 anos.
Para mim, uma data simbólica. Para outros, mais um aniversário.
30 anos!

Quando eu era criança fantasiava que a esta idade eu seria uma profissional importante; teria minha casa, uns dois filhos e estaria vivendo uma vida de novela. Aliás, quando eu era criança eu fantasiava demais e, hoje, próxima dos 30 anos, continuo fantasiando.

Aliás, fantasio até demais, fazendo com que se tornem difíceis os momentos nos quais a realidade bate à porta, me obrigando olhar no espelho e assumir: - “Vou completar 30 anos”.

Penso que nasci na geração do “pulo”. Justamente a geração que está enfrentando os novos paradigmas sociais. Tipo esse de que faculdade apenas não é suficiente para um bom futuro profissional; ou o de que as mulheres agora têm obrigatoriamente que contribuir na renda familiar trabalhando fora e dentro de casa; e também esse de que não se pode mais punir os filhos quando são malcriados; ou esse outro de que beleza é fundamental etc, etc e etcs.....

O problema é que não cresci assim. Meus planos não foram construídos assim e agora, to eu com quase 30 anos, me sentindo uma garota de 20 e poucos anos.

Eu ainda vejo um elefante dentro de uma sucuri no desenho do Pequeno Príncipe. Sou uma adulta-criança ou uma criança-adulta. Me pesam as responsabilidades. Me dói não poder correr nos corredores do shopping ou não me melecar tomando sorvete.

Tenho certeza que não sou isolada nesta angustia. Existem milhares de outras vozes, outras pessoas que em 30 dias terão 30 anos, que se sentem assim. Outras mulheres que ferozmente buscam seu lugar ao sol e, ao mesmo tempo, sonham em viver em paz com o seu “ser feminino”.

Por isso a angustia. Como pode alguém que passa 10 horas por dia trabalhando, pensar em ter filho? Como pode alguém que passa 10 horas por dia trabalhando cuidar de suas próprias coisas? Quando pra mim o dia termina o banco já fechou, os vizinhos reclamam do barulho da máquina de lavar-roupa, as verduras no supermercado estão murchas, o sol já se foi e dá preguiça de cozinhar. Como pode alguém com quase 30 anos de idade não ver perspectivas positivas no seu futuro. (já era pra estar tudo engatilhado).

Eu sou ansiosa. Estou mais ansiosa por essas datas. Mas anseio uma vida digna, anseio ter a vida que sonhei, tenho gana, vontade, sou do tipo que “corre atrás”. Não tenho preguiça. Hoje tenho tristeza.
E é por isso que, pelo menos nos próximos 30 dias, vou tentar viver como criança. Ser um pouco inconseqüente. Deixar que a vida me leve. Quero chegar leve nos 30 anos. Quero pensar e ter certeza de que ao completar 30 anos estarei apenas entrando em mais um decênio e que, desta vez, terminarei o período realizada.

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