segunda-feira, 6 de agosto de 2007

O aquário


No início eram três: o olhudo, Israel; a pequena barrigudinha, Lolita; e o alaranjado de proporções regulares, Hidalgo. Foi legal vê-los ali, alegrando o ambiente, bailando imersos dentro da água sem graça e confinados aos limites impostos pelo aquário.


Uma semana depois ganharam novos amigos. Seis no total. Peixes de cor prata, miudos, aproveitavam a mobilidade de seu tamanho e nadavam frenéticamente em direção à falsa correnteza imposta pela bombinha de ar.


Alguns dias depois e chegam mais três amigos: o 1, o 2 e o 3. Peixes malhados, brancos e alaranjados. Sérios, compenetrados. Mal se misturavam.


Aquele ambiente aquático tornou-se parte de nossa rotina. Conversamos com os peixes, alimentamos a turma, ficamos observando - hipnotizados - sua dança incansável, explorando aquele espaço de vidro.


A família de seis aos poucos começou morrer. Um por dia. Estranho o caso do peixe que estava fraco, o quarto a falecer. Ele sumiu certa quarta-feira e ninguem encontrava o doente. Pensamos: _ "A faixineira deu cabo do coitado". E morreu a história. Três dias depois, ele foi encontrado, já sem pedaços, fora comido por seus companheiros, tornando real minhas suspeitas de "canibalismo pisciniano". Agora, só resta um deles. Firme e forte, nada rei do aquário, vigiando os limites existentes entre a barreira de vidro e o ar.


Nós nos hipnotizamos diariamente. Conversando com os peixinhos. A água dá um certo trabalho. Tem que checar pH., limpar, dar comida. Os pobrezinhos vivem ali sem muita perspectiva. Fico me indagando sobre o sofrimento deles. Naquele cubo de vidro sem poder sair. Me dizem pra ficar calma, pois foram criados para ser peixes ornamentais. Não consigo. Ver o peixinho lindo e colorido ali nadando prisioneiro, pra mim é o mesmo que ouvir o canto do canário preso na gaiola sem poder voar.



P.S.: - CantoFlorVivencia está voltando a ativa, à pedidos.. do público e meus!!!! (rs)

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