segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Sobre a Liberdade

Não costumamos dar muita conta de nossa liberdade até o dia que ficamos sem ela ou, então, até o dia que temos de decidir pela liberdade de alguém. Porque decidir pela liberdade de alguém nos faz refletir sobre a nossa.

Não sou completamente livre. Tenho hora pra entrar e sair do trabalho - hora que é controlada por um cartão de ponto. Tenho compromissos e responsabilidades. Tenho um dever moral e ético para com a sociedade que vivo e mesmo com todas essas amarras sou livre. Sou livre porque decido se quero ou não continuar neste trabalho; sou livre porque decido se vou ou não cumprir a ordem social; sou livre porque tomo sozinha minhas decisões, porque posso ir e vir de onde quiser, quando quiser e da forma que eu quiser.

Então estava eu lá.. sentada entre os sete. Ouvindo e vendo. O jovem de macacão laranja, sentado a nossa frente, havia esfaqueado um outro e a faca entrou bem no coração. Foi um golpe só, frio, certeiro. A vida do outro acabou ali. Na frente do baile, na sarjeta. Desesperado, o moço, que agora veste um macacão laranja com número de identificação, tinha ainda esfaqueado outros quatro.. que por sorte não se machucaram gravemente. Isso tudo há sete anos, quando ele tinha 18 anos.

E lá estava eu. Por própria decisão, sentada entre os sete que dariam o veredito final. Tudo, absolutamente tudo, passava por minha cabeça. Não tinha como escapar.. ele afirmou ter cometido o ato. Então.. dona da minha liberdade .. deixei que meu pensamento me guiasse.

Sim.. queridas leitoras.. existe diferença entre o bem e o mal; e entre os ricos e pobres. Existe diferença entre um advogado que cumpre seu juramento solene, e entre aqueles que só cumprem seu papel na sociedade. Não tinha mesmo como escapar. O jovem deu a facada. Mas como foi este dia? Quem estava lá? Quem viu? Como foi a briga? .... só o promotor (que é acusação) sabia. O advogado concordou com tudo. E 12 anos, a partir de agora, mostrarão ao jovem de macacão laranja como é importante pensar um pouco antes de agir.

Se ele queira matar???? Isso eu não sei.

E para os curiosos: Não! Na sala secreta a gente não diz "culpado ou inocente". Seguimos uma linha lógica, guiados pelo simples SIM ou pelo simples NÃO. Assim aprendi como fazer para separar a emoção da razão.

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