quinta-feira, 22 de março de 2007

Uma simples viagem


Era manhã. O céu estava fosco. Nós três juntas a caminho de mais um trabalho. Iamos pra uma cidade diferente. Pouco visitada por nós. Atenção no caminho. Mas tínhamos algo a celebrar, pela primeira vez nos reunimos sem o telefone tocar. Aquela inocente viagem de trabalho seria muito mais que isso, de certa forma, nos mostraria traços em comum, histórias iguais. Senti que uma forte amizade nasceria entre às 9h30 e 13 horas.

Aos poucos nos apresentávamos uma para a outra. O papo começou com a organização de um casamento: data, decoração, igreja, noivo, casa nova, móveis, planos. Depois ficou mais sério: relacionamentos, cobranças, posições familiares, filhos, casa, carreira, ciúmes, direitos, dinheiro, tristezas e alegrias. As vezes eu me afundava na poltrona, pensava - "Ai meu deus! Não pode ser verdade"; em outros momentos respirava aliviada - "não acontece só comigo". Nos tormamos iguais e diferentes. Cada caso, o mesmo caso. Mas ali éramos o antes, o durante e o depois. Três momentos de uma mesma decisão.

Nossos olhos fixos na estrada. Rimel, sombra, baton. Na forma da camisa, o desenho feminino. O desenho que alimenta, que gera, o desenho que encanta, balança. O desenho do nosso poder. Temos conflitos sim. Vontade de fugir, de morrer de rir, jornada que só termina na hora de dormir. Mas lá estávamos nós, olho na estrada, cabeça pra frente. Era mais um dia de trabalho. No jogo da vida, somos mais sábias. A gente opta pela felicidade.

Esta manhã não será como outra qualquer.
Esta manhã eu vou guardar no meu coração, na minha memória, na minha história.
Nesta manhã eu entendi o papel da maça.
Entendi que as diferenças vão além do físico.
São mentais, carnais, são diferenças banais. CULTURAIS.


G.David



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