quarta-feira, 11 de abril de 2007

Despedida

Ela tinha os olhos tristes. Há pouco fora deixada por um grande amor. Ela acreditava que tudo daria certo, acreditava em sua força, no poder de sua sedução. Sabia, sim, dos defeitos dele, mas a certeza de que com o tempo o homem mudaria lhe davam esperanças totalmente erradas. Tudo aconteceu muito rápido. Naquela noite ele não voltou. Na manhã seguinte, não ligou. Passaram-se dois dias de completo desespero para ela. Sem notícias. Sua razão entendia o que o coração fingia não acontecer. Doeu.

Doeu mais no dia da despedida. Ele chegou na hora do trabalho. Arrumou suas coisas e ajeitava tudo na sala. Ela não sentia-se bem e foi embora mais cedo. Flagra. Pegou o gato no pulo. Covarde como aqueles que não se assumem, ele pretendia voltar mais tarde, já com seus pertences na casa que havia alugado há um mês.

_ "Um mês?!" - espantou-se. A saída já era planejada. Ele conhecia os movimentos dela, sabia seus horários e simplesmente não se importava. Sentar e ter uma conversa apropriada, como adultos.. isso era demais para ele.

A saída foi sair "à francesa"... - "Mas como???? Você simplesmente não se importa né!", definiu ela, com uma lágrima no canto dos olhos. Então algo surpreendente...

Ela olhou fundo nos olhos do ex-companheiro. Respirou todo o ar que cabia em seu pulmão. Estendeu as mãos e disse: _ "Me entrega sua chave. Ficarei na TV. Termina logo e quando sair bate a porta que venho trancar. Não se digne a me explicar nada. Não quero saber. Fui cega, louca, burra.. não te olhei. Não me olhei. Sinceramente, vá. Já está tarde".

Doeu mais ainda, mas era a solução. A jovem saiu de perto. Deixou o caminho livre para que ele terminasse sua arrumação. A vontade era de fazer uma cena, mas naquele momento, quando viu a covardia do homem em quem depositou seu amor, a Razão falou mais alto e o Coração ouviu.

G.David

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